sábado, 9 de maio de 2009

...MOTOCICLISTA, por Fernando Drummond

Estranho personagem, esse tal de motociclista...

Difícil crer que seja possível preferir o desconforto de uma motocicleta, onde se fica instavelmente instalado sobre um banquinho minúsculo, tendo que fazer peripécias para manter o equilíbrio e torcendo para que não haja areia na estrada. Como podem achar bom transportar o passageiro, dito garupa, sem nenhum conforto ou segurança, forçando o coitado a agarrar-se à pança do motociclista, sujeitando ambos a toda sorte de desconfortos, como chuva, ou mesmo aquela "ducha" de água suja jogada pelo carro que passa sobre a poça ao lado, ou de ficarem inalando aquele malcheiroso escapamento dos caminhões em uma avenida movimentada como a marginal Tietê, por exemplo, sem falar da necessidade de se utilizar capas, casacos e capacetes, mesmo naqueles dias de calor intenso.
Isso tudo enquanto convivemos numa época em que os automóveis nos oferecem toda sorte de confortos e itens de segurança. Ar-condicionado, que permite que você chegue ao trabalho sem estar fedendo e suado; "air bags", barras laterais, cintos de três pontos, etc., que conferem ao passageiro uma segurança mais do que necessária; som ambiente; possibilidade de conversar com os passageiros (OS passageiros...) sem ter que gritar e assim por diante.

Intrigante personagem, esse tal de motociclista...
Apesar de tudo o que disse acima, vejo sempre em seus rostos um estranho e particular sorriso, que não me lembro de haver esboçado quando em meu carro, mesmo gozando de todas as facilidades de que ele dispõe.
Passei, então, a prestar um pouco mais de atenção e percebi que, durante minhas viagens, motociclistas, independente de que máquinas possuíssem, cumprimentavam- se uns aos outros, apesar de aparentemente jamais terem se visto antes daquele fugaz momento, quando se cruzaram em uma dessas estradas da vida.

Esquisito...
Prestei mais atenção e descobri que eles frequentemente se uniam e reuniam, como se fossem amigos de longa data, daqueles que temos tão poucos e de quem gostamos tanto. Senti a solidariedade que os une. Vi também que, por baixo de muitas daquelas roupas de couro pesadas, faixas na cabeça, luvas, botas, correntes e caveiras, havia pessoas de todos os tipos, incluindo médicos, juízes, advogados, militares, etc. que, naquele momento, em nada faziam lembrar os sisudos, formais e irrepreensíveis profissionais que eram no seu dia a dia. Descobri até alguns colegas, a quem jamais imaginei ver paramentados tão estranhamente.

Muito esquisito...
Ao conversar com alguns deles, ouvi dos indizíveis prazeres de se "ganhar a estrada" sobre duas rodas; sobre a sensação deliciosa de se fazer novos amigos por onde se passa; da alegria da redescoberta do prazer da aventura, independente da idade; e da possibilidade de se ser livre e alegre, rompendo barreiras que existem apenas e tão somente em nossas mentes tão acostumadas à mediocridade. Vi, ouvi e meditei sobre o assunto.
Mudei a minha vida...

Maravilhoso personagem, esse tal de motociclista...
Muitas motos eu tive, mas jamais fui um verdadeiro motociclista, erro que, em tempo, trato agora de desfazer. Mais que uma nova moto, a moto dos meus sonhos. Mais que apenas uma moto, o rompimento dos grilhões que a mim impunham o medo e o preconceito e que por tanto tempo me impediram de desfrutar de tantas aventuras e amizades.

Deus sabe o tempo que perdi e as experiências que deixei de vivenciar. Se antes olhava-os com estranheza, mesmo sendo proprietário de uma moto (mas não um motociclista) , vejo-os agora com profunda admiração e, quando não estou junto, com uma deliciosa pontinha de inveja.
O interessante, é que conheço pessoas que jamais possuíram moto, mas que estão em perfeita sintonia com o ideal motociclista. Algumas chegam até mesmo a participar de encontros e listas de discussão, não que isto seja imprescindível ou importante. O que importa é a filosofia envolvida.

Hoje, minha esposa e eu, montados em nossos sonhos, planejamos, ainda timidamente, lances cada vez maiores, sempre dispostos a encontrar novos velhos amigos, que certamente nos acolherão de braços abertos. Talvez, com um pouco de sorte, encontremos algum motorista que, em seu automóvel, note e ache estranho aquele personagem que, passando em uma motocicleta, com o vento no rosto, ainda que sob chuva ou frio, mostre-se alheio a tudo e feliz, exibindo um largo e incompreensível sorriso estampado no rosto. Quem sabe ganharemos, então, mais um irmão motociclista para o nosso grupo.

Fernando Drummond

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Ayrton Senna nos deixou à 15 anos, mas permanece vivo em nossos corações. Jamais te esqueceremos, campeão.

Honda CB 750 Four - Uma história de 40 anos

A MOTO DO SÉCULO (...AINDA VOU TER UMA!)

Lançada no Salão de Tóquio de 1968, a Honda CB 750 Four estabelecia novos padrões, tanto para a Honda quanto para outras marcas. O motor da CB 750 Four era leve e compacto, comparado a outros quatro-em-linha já vistos até então, e trazia soluções eficientes. O quatro-em-linha de 736 cm3, com comando de válvulas no cabeçote, lubrificação por cárter seco, quatro carburadores, desenvolvia 67 cv de potência à 8.000 rpm e torque máximo de 6,1 m.kgm à 7.000 rpm. Apesar dos 218 kg a seco, podia levá-la a 192 km/h.



Um dos segredos das pequenas dimensões do motor era o virabrequim, forjado em única peça e apoiado (como em motores de automóveis) por mancais lisos bipartidos, lubrificados sob pressão. Do centro desse virabrequim saíam a árvore primária de transmissão e o acionamento do comando de válvulas, em vez de se usar suas extremidades, o que deixaria o motor mais largo. A lubrificação por cárter seco também contribuía, pois eliminava o reservatório de óleo convencional na parte inferior.



Os quatro escapamentos individuais emitiam um som que muitos consideram inesquecível. O comportamento dinâmico era referência entre as motos de seu tempo.
Outros detalhes pioneiros entre as motos de produção em série são, o alternador e o freio dianteiro a disco, de comando hidráulico, com um disco de alumínio à prova de ferrugem. O quadro era de berço duplo e a suspensão traseira adotava amortecedores do tipo De Carbon.


A Honda CB 750 Four oferecia ainda partida elétrica, câmbio de cinco marchas e ótimo padrão de acabamento. O tanque mais estreito que o motor contribuía para um estilo imponente. Cada pequena evolução do modelo, era identificada como um novo número junto da letra "K". Por exemplo, a 750 K1, ou modelo 1971, recebia tanque e laterais mais estreitos e adequados a pilotos de menor estatura.



O sucesso da motocicleta foi tão grande, que já no primeiro ano (1969) foram vendidas 440 mil unidades, um recorde para motos de grande cilindrada. Nos Estados Unidos as vendas superaram as expectativas do mercado. Já em setembro a moto vencia a famosa prova francesa 24 Horas de Bol D'or. Em 1970, seria a primeira moto vitoriosa na 200 Milhas de Daytona, nos EUA, cuja procedência não fosse americana ou inglesa.


No início dos anos 2000 a imprensa especializada mundial concebeu à Honda CB 750 Four, o título de "A Moto do Século" e ainda acrescentaram que a CB 750 foi a mais importante obra prima de Soichiro Honda. Nenhuma outra marca/modelo jamais reuniu, de uma só vez, tantas inovações técnicas com design incomparável e inconfundível.